segunda-feira, 27 de junho de 2011

Dia 20 de Junho


Chegou o dia do trabalho de conclusão da disciplina Trajetórias do ser da Professora Wlad Lima. Para alguns foi à primeira apresentação na escola de Teatro e Dança da Ufpa, para outros não. Alguns chegaram cedo, outros no horário determinado, às 18:30 sendo que às 20:00 as apresentações começariam e simultaneamente em duas salas. Dois alunos chegaram super atrasados. Um deles chegou três minutos antes do começo de nossas apresentações, no entanto deu tempo de arrumar o espaço dele, pois alguns alunos da outra turma de licenciatura estavam dando os últimos ajustes na iluminação.
Como eu via meus amigos: com orgulho, cada um ali dando seu melhor. Alguns nervosos, mas felizes, outros relaxados e felizes.

Alguém tem tesoura?
Eu tenho... Perai, cade? Não tenho. Perai deixa eu ver de novo. Ah, ta aqui, toma.
Alguém tem fita durex?
Me empresta isso?
Me empresta aquilo?
Quer ajuda?
Enche de água pra mim?
Ai meu Deus.
Quer ajuda?
Não. Obrigada.
Ah, eu quero, me ajuda aqui.
Nossa!
Calma, vai da tudo certo.
Égua, cadê meu negocio daqui?
Essa sala já ta muito cheia.
Mas tem a outra que ainda não ta muito cheia.
É então acho que vou pra lá.
Ai, eu quero uma escada.
Vou atrás de uma.
Ta aqui a escada.
Valeu.
Faltam vinte minutos.
Quem sujou a sala de biscoito?
Toma.
Desculpa.
Cuidado.
Ai to nervosa.
Isso aqui é nada mais que a gente.
Tem razão.
Valeu.
Olha agora que ele chegou.
Atrasadíssimo.
Faltam três minutos.
Prontos?
Merda.

Ouvi sussurros, vi choros, ouvi gritos e pés batendo no chão, vi pessoas entrando, não ouvi silencio, vi luzes. Senti o famoso frio na barriga e agradeço por sempre senti-lo. Acho que quando não sentir mais esse frio então é porque não vale mais apena fazer teatro. Acabou o tempo, fomos para outra sala ver nossos amigos. Estava tudo muito lindo. Voltamos para a nossa sala. Começamos de novo. Dessa vez algo mudou, pelo menos pra mim, acho que para alguns ou se não para todos. Comecei a interagir mais com o publico. Agora acabou de verdade. Sensação de missão comprida. Dizendo adeus a alguns figurinos que iam à lixeira, dizendo até logo para o cenário e alguns objetos de cena. Por um momento os flashes das câmeras cessaram para alguns abraços e parabéns. Foi quando eu concordei que o teatro fala mesmo no silencio, como os rostos que se escondem quando as mascaras entram em cena. O teatro exibi suas palavras escritas em um papel para aqueles que querem ler. O teatro fala, ouvi e ver como também sente. O teatro diz adeus e parti com sua caravana. O teatro diz olá e se apresenta. O teatro chora e sorrir, assim como as mascaras nos mostram. O teatro é um mundo do invisível que se mostra visível aos olhos de quem o aceita. O teatro te aceita sendo ator, sendo diretor, professor, espectador, dramaturgo ou não. Ele se chama planeta. Ele está sempre por ai dizendo olá e adeus. O teatro é onde vivemos quando ele se chama trajetórias do ser.

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