Das profundezas da terra a lamparina faz subir luz.
A lamparina não é só um objeto.
Posso ver uma lamparina da janela de um carro escuro por sua climatização.
Posso ver uma lamparina do outro lado do rio acesa numa palafita.
Posso suspirar a luz de uma lamparina e não morrer asfixiada.
A imagem poética que um lampião me traz é tão valiosa quanto às palavras que eu escrevo a luz de vela.
As lembranças são acesas.
E minha memória retorna ao seu lugar de origem.
Elas voltam ao coração_//AlgumaCoisaEscritaPor: Tainá Limam
Meus amigos: Leandro, Fernando e Acacio apresentaram o seminario com o texto:
"A luz da lâmpada".
"A luz da lâmpada".
Citações do texto para facilitar o entendimento:
• “A fim de animar minha tímida lâmpada
A vasta noite acende todas as suas estrelas”
Tangore. Lucioles. Este curto poema está escrito sobre o leque de uma mulher.
• A lâmpada elétrica não nos dará nunca as fantasias dessa lâmpada viva que, com óleo, fazia luz. Entramos na época da luz administrada. Nosso único papel é o de ligar um interruptor. Somos apenas o sujeito mecânico de um gesto mecânico. Não podemos mais aproveitar deste ato para nos constituirmos, com orgulho legitimo, em sujeitos do verbo acender.
• O momento tinha mais drama quando a lâmpada era mais humana. Acendendo o velho lampião podia-se sempre temer alguma falta de jeito, algum azar. O pavio dessa noite não é em absoluto o mesmo de ontem... tem-se sempre algo a ganhar dando aos objetos familiares a atenção amiga que merece.
• Em paginas em que ele nos conta suas lembranças de infância, Henri Bosco dá de novo ao lampião a dignidade de antigamente. Desse lampião fiel a nosso ser solitário, escreve: “Percebe-se rapidamente, não sem emoção, que ele é alguém. De dia acha-se que ele é apenas uma coisa, uma utilidade. Mas quando o dia declina e, errante numa casa solitária, invadida por essa penumbra que apenas lhe permite circular tateando ao longo das paredes, você procura o lampião, que não acha mais e que depois descobre onde havia esquecido que estava, este lampião apagado e em suas mãos, mesmo antes que tinha sido aceso, lhe assegura e oferece uma presença doce. Ele o acalma, pensa em você...
(Henri Bosco. Un oubli moins profond, Gallimard, 1961, p. 316)
Fomos ao debate. Lembro que alguns falaram da importância dos objetos em cena e que ele é um 'farol' para o espectador. Falou-se também dos devaneios que temos. Eu devaneio bastante! Gosto disso, é uma boa sensação, devanear aquilo que você pode ou não sentir, ter, ver na vida real. Momentos, lugares, pessoas, sorvetes, brigadeiros... nos levam a devanear.
(Intervalo...)
Voltamos com a aula pratica. Foi terminado o exercicio das imagens e partimos a um novo proposto pela Wlad; 'o exercicio da cadeira' (são duas cadeiras, uma em que você senta e a outra é para a pessoa que você imagina, pra quem quer falar algo, uma pessoa importante, essa pessoa pode está no seu passado ou no presente, viva ou morta, longe ou perto). Você conversa com essa pessoa como se realmente ela estivesse la, sentada na cadeira te ouvindo. A Rosa foi a primeira a ir. Eu a segunda e a ultima.
Fui.
Falei.
O que queria falar para uma pessoa que pessoalmente nao sei se falaria. Me senti bem, senti vontade de chorar mais não chorei, me controlei e aos poucos as lagrimas foram secando dentro de mim. Alguns da turma se emocionaram. Algumas imagens vieram à minha mente e arrependimentos também.
Foi um exercício que me pegou de jeito.
Quase falo o que não deveria, me segurei mesmo querendo, pois no fundo eu sabia que a turma estava ali me olhando e ouvindo. E claro, não queria que eles soubessem apesar de, alguns talvez terem entendido pouco, mas entendido.
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